“O que me acorda no meio da noite não é o que pode vir a acontecer na economia ou o que a concorrência irá fazer. O que me preocupa é saber se terei na empresa os líderes e os talentos que necessito para implementar novas e mais complexas estratégias globais”
Gosto particularmente desta citação David Whirwam, antigo CEO da Whirlpool Corporation por duas razões. Primeira, porque distingue com clareza entre aquilo que um gestor não pode influenciar e por isso não lhe deve tirar o sono (o que poderá acontecer com a economia ou o que fará a concorrência) e aquilo em que ele se deverá focar por ser fundamental para o sucesso do projeto que lidera. Segunda porque valoriza
e se foca nos fatores que determinam o sucesso, ter os líderes e os talentos necessários para responder e aproveitar um mercado crescentemente global e complexo.
Se alguma coisa se aprendeu nos últimos anos, é que num ambiente crescente e dramaticamente competitivo como aquele em que vivemos, não são os planos, os procedimentos, os equipamentos ou os recursos financeiros que determinam o sucesso dum projeto empresarial. O que o determina passa, no essencial, por ter as pessoas certas, a fazer as coisas certas, pelas razões certas e da forma certa, ie, ter os talentos certos orientados por líderes energéticos e enquadrados por uma cultura que potencie a ética, a energia e a criatividade que cada um tem para dar. Sem pessoas competentes e inquietas, que se foquem em transformar os objetivos em resultados e que vivam intensamente os valores da empresa não é possível competir num ambiente empresarial cada dia mais exigente.
Convém, contudo, não esquecer que os talentos não são de geração espontânea, nem vêm de França no bico de uma cegonha. Se os queremos ter temos de os atrair, desenvolver e reter. Vejamos o essencial destas três fases:
ATRACÇÃO DE TALENTOS
As melhores empresas já perceberam há muito que o recrutamento de bons ativos humanos começa muito antes do “pedido de preenchimento da vaga”. A construção duma imagem de bom empregador (Employer Branding) tornou-se numa fase de “guerra pelo talento” numa das componentes mais importantes da gestão de recursos humanos.
O “Employer Branding” é um processo alinhado com os valores organizacionais e com os objetivos de negócio, estruturado duma forma consistente e continuada, que comunica externamente (com forte impacto interno) os aspetos mais relevantes da identidade da organização, ie, o propósito organizacional, os valores mais profundos, as suas práticas de gestão, a sua política de compensação e benefícios, etc. Tudo isto com o objectivo de criar uma imagem de “great place to work” diferenciadora em relação a outros concorrentes pelo mesmo tipo de talento e posicionada de forma a ser atractiva para o “target” a que se destina.
Para as organizações, uma marca forte e assente numa proposta de valor (EVP – Employer Value Propositon) aliciante aumenta fortemente a capacidade de atrair os melhores candidatos, aumentando, em simultâneo, o sentimento de pertença e o nível de retenção dos já colaboradores.
INVENTARIAÇÃO INTERNA E SEGMENTAÇÃO DE TALENTOS
Investir na identificação dos talentos internos e na sua gestão deverá estar entre as primeiras preocupações de qualquer gestor ou empresário. É assim que surgem os “talent inventory systems” que permitem fazer o “assessment” individual e coletivo dos colaboradores, baseando-se habitualmente na conjugação de 4 grandes grupos de factores de avaliação. Competência, Motivação, Performance e Capacidade de evolução,
RETENÇÃO DE TALENTOS
Quem anda nisto das organizações sabe que os custos do “turnover de pessoas” são elevadíssimos, pelo que uma redução da taxa de saídas traz às organizações ganhos financeiros (e não só) enormes. No entanto, se é verdade que há colaboradores cuja saída tem um enorme impacto, também há outros que as empresas até pagariam para se ver livres deles. É por isso que as decisões sobre retenção devem ser sempre precedidas duma divisão clara entre quem queremos e não queremos reter, segmentando os colaboradores conforme os seus perfis de retenção e propondo as soluções mais adequadas para cada um desses segmentos.
Sintra, 26 de Março de 2018
José Bancaleiro
Managing Partner
Stanton Chase Portugal – Your leadership partner